BRASÍLIA — A economia brasileira pisou no freio de forma brusca no terceiro trimestre de 2025. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) confirmam uma forte desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB), que registrou uma expansão marginal de apenas 0,1% no período. O número, bem abaixo do ritmo visto nos trimestres anteriores, acende um sinal de alerta sobre as perspectivas de crescimento do país.
A Culpa dos Juros Altos
A análise econômica aponta unanimemente para um único e poderoso culpado por trás do desempenho pífio: a política monetária rígida do Banco Central. A manutenção da taxa Selic — a taxa básica de juros da economia — em um patamar elevado, atualmente em torno de 15% ao ano, tornou o crédito significativamente mais caro e escasso.
Impacto no Consumo e Investimentos
O custo proibitivo do crédito se traduz diretamente em menor dinamismo em duas frentes cruciais para o PIB:
Consumo das Famílias
O crédito mais caro desestimula o endividamento e a compra de bens duráveis, inibindo o consumo que é historicamente um dos principais motores do crescimento brasileiro.
Investimentos Produtivos
Empresas adiam planos de expansão, modernização e contratação ao se depararem com o alto custo para tomar empréstimos, resultando em menor formação bruta de capital fixo.
Revisão para Baixo
A fragilidade do crescimento no terceiro trimestre foi sublinhada ainda mais por uma revisão para baixo no resultado do segundo trimestre, o que sugere que a desaceleração pode ter se iniciado de forma mais gradual e silenciosa do que se percebia inicialmente.
O Dilema do Banco Central
Apesar de o Banco Central defender a Selic alta como uma arma essencial para combater a inflação e garantir a estabilidade de preços, o efeito colateral tem sido o custo do crescimento. A questão central que permeia o debate econômico agora é por quanto tempo a autoridade monetária manterá os juros neste nível, sacrificando a atividade econômica em nome do controle inflacionário, e qual será o impacto dessa decisão no fechamento de 2025 e no início do próximo ano.
O desafio do governo permanece em equilibrar a necessidade de estabilidade de preços com a urgência de retomar um ritmo de crescimento mais robusto e sustentável.